Um novo termo entrou no vocabulário das famílias: tempo de tela. A internet e seus recursos são tão comuns no cotidiano das crianças que é preciso criar uma referência para monitorar seu uso e evitar males como a ansiedade infantil.
É aí que o “tempo de tela” entra, pois, objetivamente, calcula o intervalo de horas que uma criança fica exposta aos monitores de televisões, celulares, minigames, tablets etc. Por sua vez, esse indicador ajuda apenas no controle do uso, mas não na qualidade do conteúdo que é acessado.
Assim sendo, a combinação de excesso de uso com estímulos inadequados para a criança pode ser o estopim do comportamento ansioso e, claro, precisa ser administrada. Pensando nisso, elaboramos este post com algumas dicas fundamentais. Continue a leitura e saiba mais!
Como identificar os sinais de ansiedade infantil?
O ponto de partida não é novidade: conhecer as regras de um universo diferente não é fácil e pode trazer angústias e ansiedades. O desconhecido, o novo, o que nunca foi tentado antes, gera uma tensão, e isso, até certo ponto, é natural.
As crianças pequenas não gostam de se separar da família, por exemplo. Também é comum que tenham medo de monstros, de ambientes escuros, de insetos e animais peçonhentos, como aranhas e cobras, entre outros. À medida que crescem, os medos vão mudando. Algumas demonstram medo de agressões físicas ou verbais, outras têm medo de morrer. Já os adolescentes podem se sentir angustiados por terem de apresentar um trabalho escolar na frente de um público ou de simplesmente não serem aceitos no grupo.
Todos esses sinais são naturais, mas, podem assumir uma dimensão incapacitante, prejudicando as funções do indivíduo por causa do tamanho da aflição.
Crianças e adolescentes podem ficar irritadiços, associar sensações de estresse por questões simples do cotidiano ou até mesmo externar sentimentos intensos, como explosões de choro frequentes, ou desenvolver a onicofagia, que é o nome científico para o hábito de roer as unhas.
Essas reações podem acontecer em crianças que se veem privadas do uso de tecnologias ou que são influenciadas pelo juízo de valor que alguns conteúdos digitais provocam, como é o caso das redes sociais e as referências que elas oferecem de estilo de vida perfeito dos influenciadores mirins.
Elas vivenciam alterações de humor intensas, distorções de sua imagem, insônia, inquietação, o que, por consequência, desencadeia outros sintomas somáticos, como sudorese, dores de cabeça, taquicardia, náuseas e vertigens, seja pelo uso da internet ou quando estão sentindo a falta dela.
Nesse sentido, uma investigação com um especialista pode ser necessária para evitar que o quadro evolua para uma depressão.
Existe um tempo de uso de tela adequado para as crianças?
Se a infância já é naturalmente desafiadora, colocar o elemento “tecnologia” nesse contexto pode trazer novos enfrentamentos, tanto para as famílias como para as crianças.
Existe um dilema: as crianças não podem ficar alienadas em relação a um ponto-chave de seus futuros; e, ao mesmo tempo, a internet é incontrolável. Assim, algumas vezes, mesmo com todos os filtros de segurança possíveis, conteúdos em excesso podem gerar episódios de ansiedade e de distorções da realidade para os pequenos.
Por isso, além do monitoramento do conteúdo, é essencial determinar um tempo de uso de tela adequado para cada faixa etária. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam que:
- crianças até 2 anos: não tenham contato com conteúdos em tela;
- crianças a partir de 2 e até 5 anos: no máximo uma hora por dia e de forma fracionada;
- a partir dos 6 anos: no máximo duas horas por dia, exceto para atividades escolares.
Quais as melhores dicas para evitar a ansiedade infantil resultante do uso da internet?
Ter atenção em relação ao conteúdo
Como já mencionado, além do tempo controlado, é essencial ficar atento para o conteúdo. Crianças até 6 anos, por exemplo, não conseguem separar facilmente a fantasia da realidade. Assim, conteúdos violentos banalizam situações graves e podem reforçar que a violência é o meio para o sucesso ou para a resolução de conflitos.
Determinar onde a criança pode usar a internet
Muitas escolas já inseriram tecnologias e a internet como ferramentas de ensino. Considerando que esses usos são monitorados por educadores, isso é até muito positivo. No entanto, em casa, quem deve fazer esse acompanhamento é a família.
Para a SBP, crianças menores de 10 anos não devem usar dispositivos eletrônicos, com ou sem acesso à internet, sozinhas em um quarto trancado, por exemplo. O ideal é que estejam em um ambiente onde possam ser monitoradas.
Outro ponto é não permitir o uso em situações nas quais a criança pode ter a oportunidade de interagir com a família e outros pares, como em restaurantes, visita à casa de parentes, parques, clubes etc.
Estipular as regras para uso da internet
Como já falamos também, existem alguns filtros que podem ser aplicados nos dispositivos eletrônicos para impedir o acesso a conteúdos inapropriados para crianças. Por outro lado, os combinados entre elas e a família também devem ser colocados à prova, pois cumpri-los por esforço próprio é um exercício para que elas não fiquem dependentes do uso.
Escolher conteúdos apropriados para cada faixa etária
A internet não é uma vilã e pode sim ser utilizada para ajudar no desenvolvimento da criança. Afinal, existem filmes e atividades pedagógicas disponibilizados gratuitamente na rede. Crianças na fase de letramento, por exemplo, podem usar jogos silábicos com imagens, vídeos e sons que vão contribuir para seu aprendizado.
Dialogar
Sempre que houver algum tema ou situação que mereça esclarecimento, é importante conversar com a criança. A motivação para o diálogo pode ser tanto um conteúdo que chegou até ela e lhe despertou o interesse, como a manifestação de um comportamento ou de uma fala considerados estranhos.
É comum que as crianças tentem ficar mais tempo em frente às telas do que o estabelecido, não é mesmo? Nesse caso, a conversa deve girar em torno da confiança e do controle que ela precisa ter em relação aos dispositivos.
Explicar os riscos da exposição em redes sociais
Também é bastante relevante conversar com as crianças e adolescentes sobre os riscos que as redes sociais e os conteúdos da internet podem trazer. O acesso sem supervisão de um adulto responsável aos diferentes canais de comunicação pode significar o acesso de crianças a vídeos e mensagens inapropriados, compartilhados indiscriminadamente, sem qualquer curadoria ou filtro.
Estabelecer, por exemplo, que conversar com estranhos é proibido ou que sugestões de brincadeiras e desafios podem ser perigosas é uma forma de conscientizar as crianças e, ao mesmo tempo, mostrar que a atenção da família está ativa e constante nos assuntos do momento.
Falar sobre a diferença entre o mundo virtual e o real
Outro fator que pode levar à ansiedade da criança, e até mesmo à depressão, é a prática de se comparar com imagens, personalidades e personagens da internet. Isso pode ser frustrante, diminuir sua autoestima ou ainda mudar o comportamento de forma perigosa — como nos casos em que as meninas acreditam que precisam ser extremamente magras para serem consideradas bonitas.
Propor atividades físicas e de cunho social
O uso excessivo de dispositivos eletrônicos faz com que as crianças se fechem e deixem de socializar. Por isso, além de estabelecer um horário e situações apropriadas para seu uso, é importante propor atividades físicas, preferencialmente coletivas, que exercitem o corpo e a interação socioemocional.
A internet é uma ferramenta que faz parte da realidade das crianças, portanto é preciso saber utilizá-la com sabedoria e equilíbrio. As redes sociais também estão inseridas nessa situação e exigem cuidado redobrado.
Ao mesmo tempo em que servem para fortalecer conexões pessoais, as redes sociais funcionam como uma abertura para a vida íntima das crianças e podem vir a ser uma perigosa base para comparações com parâmetros irreais de felicidade, beleza e sucesso. Logo, tudo isso pode gerar ansiedade infantil.
Fonte: Escola da Inteligência